Será que o estado português é laico?
Como definição temos que:
Laico – O que não têm ordem sacra.
Será isto possível? Não me parece, não que eu não ache justo, mas atendendo ao actual estado de coisas não é provável que algum dia o seja.
É pena, pois num estado verdadeiramente laico não se favorecia de forma descarada uma confissão religiosa em detrimento de outras, confissões essas com tanta legitimidade de existirem num estado laico quanto a católica. .
Não quero com estas palavras beliscar mais de 800 anos de história da nossa nação, que compreendo ser quase indissociáveis da própria igreja católica, mas se a nossa constituição nos consagra como estado laico porque não o sermos?

Não vos vou esconder que esta ideia me atravessou o espírito devido à morte de Karol Wojtyla, achei exagerados os 3 dias de luto nacional decretados pelo estado “laico” português, achei que a televisão estatal deveria ter um maior distanciamento de todo o processo e não se deixar levar por lógicas de comercias, é certo e sabido que a morte de Karol Wojtyla mexeu com muita gente em Portugal, um país com muitos crentes não o escondo, mas uma televisão pública ainda para mais quando o estado é “laico”, não deveria agir desta forma. Para terem uma ideia em Roma estavam pelo menos (os que eu contei) 5 enviados especiais, mas notem que não eram enviados especiais quaisquer, entre eles estava a Fátima Campos Ferreira e Carlos Daniel, Pivots de grande importância dentro da estação, Alberta Marques Fernandes, habitual apresentadora do Telejornal, entre outros repórteres de grande valia da estação como António Esteves Martins e Márcia Rodrigues. É de salientar que a cobertura feita está a ultrapassar a que foi feita por altura do tsunami na Ásia, isto é revelador de uma total inversão de prioridades.

É certo que no caso do tsunami a Tv estatal foi a mais sóbria a dar o acontecimento, e isso é bom. Chega de imagens chocantes para prender ao televisor pessoas que só se distraem por saber que existem outras em pior situação que elas próprias, é degradante ter de fazer televisão nestes moldes para ter audiências.

Já chega que uma televisão que é para todos, passe as épocas importantes do cristianismo (Natal, Páscoa,...) a dar filmes e programas que apenas interessam a quem é dessa religião.
Apontei apenas uma ou duas razões para provar que o nosso estado não é nem nunca vai ser laico, mas ao longo dos últimos anos haveriam centenas, senão milhares de situações que comprovariam a minha afirmação.
É pena mas é com isto que temos de viver.